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Reforma da CLT esgota fôlego da gestão Temer

Josias de Souza

11/07/2017 23h04

O Senado mal havia aprovado a reforma trabalhista e Michel Temer apressou-se em convocar os jornalistas para uma declaração. Celebrou a novidade como uma conquista pessoal: "Nós aprovamos uma das reformas mais ambiciosas dos últimos 30 anos. […] É com muita satisfação que eu digo: tive a coragem de propor essa mudança fundamental para o país e, portanto, para todos os brasileiros. Nela eu me empenhei desde o início do meu mandato."

Longe de representar um atestado de saúde do governo, a declaração de Temer revela a debilidade de sua gestão. Contestada por centrais sindicais, a mexida na CLT avançou não como uma demonstração de força do presidente, mas apesar da crise moral que ameaça o seu mandato. Até governistas que já pregam a substituição de Temer por Rodrigo Maia, presidente da Câmara, como os tucanos Tasso Jereissati e Cássio Cunha Lima, votaram a favor da proposta.

Relator da reforma trabalhista, o também tucano Ricardo Ferraço, já declarou: "A aprovação acontece a despeito do governo do presidente Temer, não por causa dele. Estou convencido disso."

De resto, consolidou-se no Congresso a percepção de que a atualização da CLT é a última proposta relevante que Temer terá a oportunidade de comentar sentado na cadeira de presidente. A próxima reforma da fila seria a da Previdência. E não há, hoje, um mísero líder partidário que se anime a apostar um níquel na aprovação dessa matéria enquanto Temer estiver sentando na cadeira de presidente.

Por duas razões: além da denúncia por corrupção passiva, da qual tenta se livrar no momento, Temer arrostará outras duas: obstrução de justiça e formação de organização criminosa. Às voltas com as articulações para enterrar escândalos, Temer não teria tempo nem energia para governar. A segunda razão é que o presidente já não dispõe no momento da maioria necessária para aprovar uma emenda constitucional na Câmara: 308 votos, em dois turnos de votação.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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