Herman Benjamin diz recear volta do financiamento empresarial: 'É vício!'
Josias de Souza
17/08/2017 16h56
Defensor obstinado do financiamento público das eleições, o ministro Herman Benjamin, corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, disse ao blog que receia a volta das contribuições empresariais de campanha. Ele enxerga um "movimento" pela ressurreição das doações privadas. É um vício, diz o ministro, comparando o dinheiro das empresas a um entorpecente que leva os usuários à dependência.
Benjamin conheceu de perto o submundo da política ao exercer a função de relator do processo sobre a cassação da chapa Dilma Rousseff—Michel Temer. Ele perscrutou provas colecionadas pela Operação Lava Jato e interrogou delatores. Hoje, declara que a simples cogitação de retomada do modelo empresarial de financiamento de campanha o apavora.
O ministro suspeita que a defesa do dinheiro privado seja motivada não por razões eleitorais, mas pela perda do biombo que encobre a corrupção política. Na sua opinião, o financiamento público elimina a justificativa para as "sobras de campanha", eufemismo para enriquecimento ilícito, muito invocado por políticos corruptos pilhados ostentando padrão de vida incompatível com a renda.
Espero que o próprio setor empresarial reaja, disse Benjamin ao blog. Senão por outra razão, pelo menos para que os empresários se libertem dos alegados achaques praticados sob o pretexto de obter contribuição eleitoral.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.