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Moro faz um réu em 2 dias; no STF, leva 2 anos

Josias de Souza

24/08/2017 18h08

Denúnciado pela força-tarefa da Lava Jato na terça-feira, Aldemir Bendini foi enviado por Sergio Moro ao banco dos réus nesta quinta-feira. O juiz da Lava Jato levou dois dias para destrinchar a denúncia. O Supremo Tribunal Federal acaba de converter em réu o senador Fernando Collor, que havia sido denunciado em 20 de agosto de 2015. O contraste ajuda a explicar porque o foro privilegiado virou um outro nome para impunidade no Brasil. Moro fez num par de dias o trabalho que o Supremo leva até dois anos para executar.

Sentados à direita de Deus, os magistrados supremos alegam que a Suprema Corte, sem vocação para julgamentos criminais, não pode ser comparada à jurisdição de Moro, que se dedica exclusivamente à Lava Jato. É verdade. Mas o Supremo não precisaria ser um Éden de criminosos. O julgamento do mensalão mostrou que sua bala de prata, além de aleijar politicamente, envia os corruptos direto para a cadeia. Se não pode manter o ritmo na Lava Jato, o tribunal faria um bem inestimável à sua reputação se remetesse os gatunos para a primeira instância.

A solução está ao alcance do plenário do Supremo. Basta acelerar o julgamento da ação que restringe a abrangência do foro privilegiado. Para que isso ocorra, o ministro Alexandre de Moraes, autor de um pedido de vista que retarda a apreciação da matéria, precisa abrir a sua gaveta.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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