Reincidência de Renan desmoraliza o Supremo
Josias de Souza
28/08/2017 19h24
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, abriu mais um inquérito contra Renan Calheiros (PMDB-AL), agora por desvios no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. Noves fora um processo em que já figura como réu, esta é a 17ª investigação deflagrada contra o senador, 13 das quais no âmbito da Lava Jato. "É mais uma acusação sem provas", desdenha o pluri-acusado.
O ministro Barroso parece discordar: "No presente caso, um primeiro exame dos autos revela elementos de participação direta do Parlamentar nos fatos narrados. Não se está diante de notícia sem qualquer apoio indiciário ou de notícia fundada somente em denúncia anônima, devendo-se dar prevalência, diante disso, ao interesse da sociedade em ver esclarecidos os fatos."
Renan, o sobrevivente, disputará a reeleição para o Senado em 2018. Se chegar às urnas brandindo uma ficha limpa, sujará a reputação do Supremo. O senador frequenta o topo do ranking dos processados com direito a foro especial. A desmoralização da Suprema Corte aumenta na proporção direta da reincidência de Renan, que mantém a pose de personagem insuspeito.
Diante da demora do Supremo em providenciar uma resposta, não restará ao eleitor senão interrogar os seus votões diante da urna: existe alguma coisa mais suspeita do que a conduta absolutamente irrepreensível de um senador encrencado em 18 processos criminais?
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
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