Pezão está certo: a corrupção não é o problema
Josias de Souza
07/09/2017 22h33
O Rio de Janeiro, como se sabe, é o Estado onde há a maior possibilidade de se criar uma realidade inteiramente nova. Caos não falta. Socorrido pela União, que lhe serviu um refresco fiscal, o governador Luiz Fernando Pezão disse que a corrupção não teve influência na ruína.
Ex-vice de Sérgio Cabral, hoje um hóspede do sistema carcerário, Pezão declarou que a roubalheira "não é o principal problema do Rio". Ele acrescentou: "Isso aí não atinge a nossa administração." Quem se aventuraria a discutir com um especialista?
Pezão está certo, muito certo, certíssimo. Ele convive com o assalto há uma década. Foi o número 2 de Cabral, que disputa o primeiro lugar no ranking nacional dos corruptos. Elegeu-se enrolado na bandeira da continuidade.
Com uma biografia assim, ao menosprezar os efeitos do roubo sobre o flagelo fluminense, Pezão prova que há, de fato, outros dois problemas mais graves no Rio do que a corrupção. O primeiro é o próprio governador. O segundo é o eleitorado que o colocou no comando.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.