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Temer pede 'serenidade' e 'maturidade'! Hummmmmm... Que tal a honestidade?

Josias de Souza

08/09/2017 20h40

Uma semana de excelentes resultados na economia: menor inflação em 18 anos; aumento na produção de veículos e sinais de retomada do emprego pic.twitter.com/kapuen0XHr

— Michel Temer (@MichelTemer) 8 de setembro de 2017

O medo dos panelaços baniu Michel Temer das redes nacionais de tevê. Mas a informalidade das redes sociais oferece ao presidente um refúgio para a divulgação dos seus vídeos. Sem hora marcada para as vaias, Temer exibe uma peça atrás da outra. Na penúltima, levada ao ar nesta sexta-feira, ele se vangloria das estatísticas econômicas. No final, pede "serenidade" e "maturidade" à plateia.

Celebrada por Temer, a inflação baixa se deve mais à recessão do que à ação do governo. Quanto aos juros, numa economia que hesita em tirar o pé do freio, eles caem por gravidade. Em meio aos fogos, o presidente soltou um rojão pela aprovação no Congresso da nova meta fiscal do governo. O rombo de R$ 139 bilhões virou uma cratera de R$ 159 bilhões. Por que gargalha Sua Alteza?

Encantado consigo mesmo, Temer celebra os seus "feitos" num instante em que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, seu amigo de três décadas, volta para a cadeia. Foi preso nas pegadas da apreensão dos R$ 51 milhões entesourados em Salvador, num apartamento de Ali-Babá. Simultaneamente, vem à luz a delação do operador de propinas Lúcio Funaro, que acusa Temer de receber e intermediar propinas. Vai às manchetes também a denúncia da Procuradoria contra a banda ladra do PMDB do Senado.

Num cenário assim, em que o dinheiro público continua saindo pelo ladrão porque os ladrões continuam entrando no Orçamento, Temer se surpreenderia se pudesse assistir à reação dos mais de 80% de brasileiros que querem vê-lo pelas costas. Se pudesse se pronunciar ao mesmo tempo, a plateia talvez gritasse para Temer: "Fale-me de economia, que eu puxo logo um ronco. Fale-me de 'serenidade', que eu puxo logo a carteira. Fale-me de 'maturidade', que eu puxo logo um coro: Que tal uma dose de honestidade?"

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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