Huck afirma ao PPS que decidirá sobre candidatura presidencial até dezembro
Josias de Souza
11/11/2017 04h49
Reunido na última quinta-feira com Roberto Freire, presidente do PPS, o apresentador Luciano Huck disse que decidirá no mês de dezembro se irá apenas "participar" ou "competir" nas eleições presidenciais de 2018. Não foi a primeira conversa de Freire com Huck. Eles já tiveram pelo menos três encontros. Freire estendeu o tapete vermelho para que Huck dispute a Presidência da República pelo PPS. Ficaram de se reunir novamente antes do final do ano.
O encontro ocorreu na residência do economista Armínio Fraga, no Rio de Janeiro. Foi testemunhado por outras duas pessoas: o ministro Raul Jungmann (Defesa) e Ilona Szabó, diretora do Instituto Igarapé, ONG que atua na área da segurança pública. Armínio, Ilona e Huck integram o Agora!, movimento cívico que tem a pretensão de interferir na política, qualificando-a. Três dias antes, Freire reunira em Brasília a Executiva do PPS. Informou à cúpula partidária sobre seus contatos com Huck. A legenda decidiu franquear os seus quadros para a filiação de integrantes do Agora!, sobretudo Huck.
Cristovam repetiu para o repórter o que dissera para os dirigentes do PPS: "A gente pode participar da próxima campanha de duas maneiras. Uma é olhando apenas a coreografia dos candidatos, como se fosse um grande balé. A outra, que prefiro, é procurando uma proposta para conduzir o Brasil. Essa proposta precisa ter duas vertentes. Primeiro: como retomar uma coesão no Brasil? Somos um país dividido, caminhando para a desagregação. Segundo: como definir um rumo para o 3º centenário da Indepência, que começa em quatro anos? O próximo presidente tem de sinalizar onde estaremos no ano de 2040."
Ex-presidente do Banco Central na gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga tornou-se uma espécie de guru econômico de Luciano Huck. Em privado, revela-se disposto a coordenar a elaboração de um programa econômico caso a candidatura se materialize. O apresentador achegou-se também ao economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no primeiro mandato de Lula.
Os entusiastas de Huck animam-se com seu interesse pela política por enxergar nele potencial para se firmar como uma opção presidencial de centro —uma alternativa à polarização que tem Lula num extremo e Jair Bolsonaro no outro. Imagina-se que a audiência que o apresentador conquistou nas classes C, D e E com seu 'Caldeirão do Huck' pode se converter em votos nas urnas de 2018.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.