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FHC admite coligação com PMDB: Por que não?

Josias de Souza

02/12/2017 02h21

A prioridade do eleitor para 2018 é —ou deveria ser— acomodar no Palácio do Planalto um político capaz de compor um governo eticamente sustentável. Uma entrevista de Fernando Henrique Cardoso à Veja dá uma ideia do tamanho do desafio.

"Está faltando organizar um centro democrático, progressista, que olhe para o povo", disse FHC. O tucano Geraldo Alckmin seria o candidato do meio. Cabe o PMDB nesse centro democrático?, perguntou-se a FHC. E ele: "Por que não?"

Ai, ai, ai. Vamos lá. Por que não? No passado, quando queria humilhar o Congresso, o Executivo fechava-o. A partir de 1985, com a redemocratização, o Executivo passou a comprar o Congresso. No modelo do suborno, o dinheiro não é tudo. Há também as emendas orçamentárias, os cargos públicos.

É um arsenal menos ostensivo do que os tanques dos militares. Mas também tem alto poder de destruição. Rói as arcas do Tesouro Nacional. FHC esgrime um velho argumento: "Pelo nosso sistema eleitoral, você faz alianças ou morre à míngua". É o mantra da governabilidade, que virou eufemismo para safadeza. Ninguém mais tem o direito de ignorar que uma coligação política com o PMDB e congêneres não é matrimônio, mas patrimônio.

Não há receitas prontas para o sucesso na política. Mas uma coisa parece clara: se o próximo presidente não enviar o PMDB e os valores que ele representa para a oposição não há o menor perigo de o governo dar certo.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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