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Aliados fogem da hipotética candidatura de Lula

Josias de Souza

26/01/2018 20h29

A condenação de Lula a 12 anos e 1 mês de cadeia carbonizou as expectativas do PT de formar uma frente de esquerda na campanha de 2018. Mesmo os aliados mais tradicionais, como PC do B e PDT, estão mais preocupados com o próprio futuro do que com o enorme passado criminal que Lula tem pela frente. A Quarta-Feira de Cinzas começou mais cedo para Lula. Sua candidatura presidencial tornou-se uma ficção antes mesmo de entrar na avenida. E as águas de março trarão pelo menos mais uma condenação, no caso do sítio de Atibaia.

Nos subterrâneos, o PT tenta convencer velhos parceiros de que a união em torno da candidatura de Lula é necessária para evitar a criminalização da política. De fato, a Lava Jato criminalizou a banda podre da política. Mas o Judiciário está colocando atrás das grades corruptos que se meteram em transações políticas que visavam assaltar cofres públicos. Ou seja, a política foi criminalizada pelos criminosos. E Lula se envolveu na encrenca porque quis. Antigos aliados, mesmo os cúmplices, não se sentem obrigados a pular na cova junto com ele.

Lula chegará ao Carnaval sem um samba-enredo. O lero-lero da perseguição política perdeu o prazo de validade com placar de 3 a 0 no TRF-4. No momento, são duas as prioridades de Lula: passar a impressão de que ainda comanda o próprio destino e não ser preso.

O carnavalesco do PT logo notará que o pior tipo de solidão é a companhia de correligionários incendiários como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, que se dedicam a borrifar gasolina na crise. É falsa a versão de que o PT continua sendo 100% Lula. Em privado, um pedaço da legenda já procura a porta de incêndio. E se desespera, porque não encontra.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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