Segovia assume no STF compromisso de calar
Josias de Souza
19/02/2018 19h52
Em audiência com o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, o chefe da Polícia Federal Fernando Segovia assumiu o compromisso de não fazer novas declarações sobre o inquérito contra Michel Temer no caso dos portos. Relator do processo, Barroso intimara Segovia a prestar esclarecimentos depois que ele sinalizou, em entrevista à Reuters, que a investigação seria arquivada e que o delegado responsável pelo inquérito poderia ser "repreendido" ou "suspenso".
Recebido por Barroso nesta segunda-feira, o diretor-geral da PF entregou explicações por escrito. O documento contém a transcrição de sua entrevista. Declarou a Barroso que suas declarações "foram distorcidas e mal interpretadas". Acrescentou que "em momento algum pretendeu interferir no andamento do inquérito, antecipar conclusões ou induzir o arquivamento".
De resto, Segovia declarou que não teve "a intenção de ameaçar com sanções o delegado" que conduz o inquérito. Reiterou o compromisso de "não fazer qualquer manifestação a respeito dos fatos" que estão sob investigação.
Em despacho de duas folhas, Barroso resumiu as declarações de Segovia, anexou o documento com as explicações e determinou que a peça seja juntada ao inquérito. No português das ruas, pode-se dizer que Segovia foi enquadrado pelo ministro do Supremo. Melhor assim.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
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