Lula virou aliado involuntário de Eduardo Cunha
Josias de Souza
26/03/2018 19h31
Preso preventivamente há cerca de um ano e cinco meses, Cunha vive a síndrome de permanecer atrás das grades como condenado. Pega em lanças para evitar que Sergio Moro autorize o início da execução de sua pena, fixada por ora em 14 anos e 6 meses de cadeia.
Execrado pelo PT, que lhe atribui o papel de protagonista do impeachment de Dilma Rousseff, Cunha torce para que o Supremo Tribunal Federal defira o habeas corpus em que Lula pede para não ser encarcerado. Os advogados de Cunha avaliam que uma vitória de Lula na Suprema Corte, em 4 de abril, abriria brecha para que o ex-presidente da Câmara reivindicasse o "direito" de também recorrer em liberdade aos tribunais superiores.
A exemplo de Lula, Cunha sustenta que sua condenação é fruto de "perseguição". Mais uma evidência de que, em política, o sujeito nunca está tão próximo que amanhã não possa estar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar. Logo, logo os amigos do algoz de Dilma mandarão confeccionar camisetas com a seguinte mensagem: "Somos todos Lula e Cunha".
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.