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Corrosão de Aécio enferruja o próprio tucanato

Josias de Souza

16/04/2018 21h27

Há no Brasil, como se sabe, seres que são legalmente inimputáveis. Por exemplo: os doentes mentais e as crianças são considerados incapazes de responder pelos seus atos. Na política, também existe uma categoria de inimputáveis: os tucanos. Nesta terça-feira, a Primeira Turma do Supremo deve enviar Aécio Neves para o banco dos réus. Com isso, será atenuada essa sensação incômoda de que quem tem bico grande e plumas não precisa prestar contas à Justiça.

O PSDB continua enrolado na bandeira da ética. Mas ao acobertar Aécio Neves, o partido transformou a corrosão do senador gravado achacando o empresário Joesley Batista em R$ 2 milhões num processo de enferrujamento partidário. O tucanato fez exatamente o que criticava no PT, seu grande rival. A única diferença é que o PSDB não tem militantes para chamar Aécio de "herói do povo brasileiro."

Num intervalo de três anos e meio, Aécio despencou da antessala do poder para o purgatório. Em 2014, depois de degustar uma derrota com sabor de vitória, Aécio parecia fadado a se eleger presidente neste ano de 2018. Hoje, Aécio é um colecionador de processos criminais. Já são nove. Com a limitação da abrangência do foro privilegiado, prevista para 2 de maio, no plenário do Supremo, Aécio será candidato favorito a ser julgado na primeira instância do Judiciário, onde é mais difícil se fingir de louco.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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