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Depois de Aécio, Moro faz pose ao lado de Doria

Josias de Souza

16/05/2018 04h22

Noite de gala em Nova York: João Doria e Sergio Moro dividem a cena com suas respectivas mulheres

Quatorze dias depois de ter declarado à revista Cruzoé que se arrepende da foto em que aparece aos risos ao lado do grão-duque do tucanato Aécio Neves, Sergio Moro deixou-se fotografar na companhia do neo-tucano João Doria. Deu-se na noite desta terça-feira, em Nova York, num jantar oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Durante o repasto, o juiz da Lava Jato foi homenageado com o título de "Personalidade do Ano".

A cruzada que empreende contra a corrupção transformou Sergio Moro num colecionador de homenagens. O flagrante ao lado de Aécio também ocorreu numa confraternização em que a revista IstoÉ concedeu a Moro, em dezembro de 2016, o galardão de "Brasileiro do Ano na Justiça."

Espera-se de um juiz que tenha um comportamento recatado. Se Moro foi sincero ao expressar o arrependimento que a foto com Aécio lhe causou, as imagens com Doria constituem indício de que, para o magistrado, é errando que se aprende… A errar.

Doria apressou-se em jogar as imagens no seu Facebook. Na legenda da foto ao lado, o candidato do PSDB ao governo de São Paulo anotou: "Noite especial aqui em NY ao lado de duas pessoas que admiro: ex-prefeito de NY, Michael Bloomberg e o Juiz Sergio Moro, homenageados no 'Person of the Year Awards' (Personalidade do Ano), prêmio que também tive a honra de receber no ano passado."

Ao discursar, Moro disse ter refletido sobre a conveniência de aceitar o convite. Juízes devem atuar com modéstia e humildade, disse ele. Dirigindo-se a uma plateia majoritariamente composta de empresários e banqueiros, Moro declarou que só aceitou a homenagem por se tratar de algo que partiu da iniciativa privada. Enxergou no gesto um reconhecimento do setor privado à importância do combate à corrupção.

Dentro de dois anos, o juiz da Lava Jato talvez declare numa entrevista qualquer que se arrependeu da pose ao lado de Doria. É possível que Moro considere difícil definir recato. Mas a coisa é mais simples do que parece. Funciona como a gravidez. Assim como nenhuma mulher pode estar um pouquinho grávida, um juiz também não pode ser um pouco recatado. Ou é ou não é.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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