É difícil distinguir Bolsonaro de seus apologistas
Josias de Souza
21/05/2018 19h24
Jair Bolsonaro expôs nacos do seu pensamento num encontro promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro. A certa altura, instado a comentar a atuação de movimentos como o MST e MTST, o presidenciável do PSL disse que seus integrantes devem ser tratados como "terroristas".
"A propriedade privada é sagrada", declarou Bolsonaro. "Temos que tipificar como terroristas as ações desses marginais. Invadiu? É chumbo!" Em aparente litígio com as leis vigentes, o ex-capitão defendeu até mesmo o uso de "lança-chamas" para se contrapor aos invasores rurais e urbanos.
Havia na plateia algo como 300 empresários. Pagaram entre R$ 180 e R$ 220 para ouvir o candidato. Riram muito. Sobretudo nos instantes em que Bolsonaro, meio fora de si, mostrou o que tem por dentro.
O mal de as pessoas pagarem para rir de absurdos de um orador que pleiteia o Planalto é o pessoal que passa não distinguir quem é quem.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.