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Presidente eleito terá de governar já na transição

Josias de Souza

29/05/2018 02h26

Além dos reflexos econômicos, a crise dos caminhões deixará marcas políticas. O governo já havia entrado em colapso ético em maio de 2017, quando explodiu o grampo do Jaburu. Na crise atual, o que se convencionou chamar de gestão Temer viveu um apagão administrativo. No momento, Temer dispõe de uma equipe inepta, uma base congressual estilhaçada e uma autoridade que cabe numa caixa de fósforos. Tudo isso leva o mercado, a sociedade e os atores políticos a desligarem o presidente da tomada.

Entre o colapso moral de maio de 2017 e o apagão de maio de 2018, o desgoverno de Temer operou em duas velocidades que podem ser consideradas insultuosas. Moralmente, foi ligeiro como um punguista. Gerencialmente, foi lento como uma lesma. A autoridade de Temer ruiu porque a sociedade tem a exata percepção de que honestidade e eficiência são como virgindade. Quem perdeu não recupera.

A crise dos caminhões fez de Temer um presidente terminal. Ele não deixará a Presidência, terá alta. Sairia em 1º de janeiro de 2019. Mas, na prática, seu mandato será encurtado para 28 de outubro. Nesse dia, o brasileiro escolherá, em segundo turno, o próximo presidente da República. A realidade forçará o presidente eleito a iniciar o novo governo já na fase de transição. Temer, que se queixava de ser tratado por Dilma como um vice "decorativo", permanecerá no Planalto até 1º janeiro como um vaso quebrado à espera de ser removido para o entulho da história.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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