Topo

China interrompe fluxo de crédito para Venezuela

Josias de Souza

04/06/2018 18h13

A China interrompeu a concessão de empréstimos à Venezuela. Desde o ano passado, os bancos oficiais chineses não abriram novos créditos. É a primeira vez que isso ocorre em uma década. Entre 2005 e 2016, os chineses emprestaram ao governo venezuelano US$ 62,2 bilhões —o equivalente a R$ 245,26 bilhões. As operações foram feitas por duas instituições: o China Development Bank (CDB) e o Eximbank. Os pagamentos vinham sendo feitos em petróleo. Mas produção petrolífera da Venezuela minguou na proporção direta da deterioração política.

Colecionadas pelo repórter Xavier Fontdeglòria, as informações foram publicadas no site da edição brasileira do espanhol El Pais. A chancelaria chinesa informou que a cooperação financeira com a Venezuela "é completamente legal" e "funciona sem problemas." Mas um dirigente do CDB, o banco chinês de desenvolvimernto, reconheceu que a instituição passou a olhar para Caracas com um pé atrás. Disse que o banco não faz senão "agir de acordo" com a situação.

O pedaço vencido da fatura da Venezuela com a China soma US$ 19,3 bilhões. Em 2016, Pequim concedera um prazo de carência de dois anos ao governo Maduro. Nesse período, a Venezuela estaria dispensada de pagar o principal da dívida, limitando-se a quitar os juros. O prazo acabou. Segundo a agência Reuters, o mais provável é que a carência seja ampliada. Mas não há, por ora, vestígio de empréstimo novo.

Se for mantido, o fechamento da torneira de crédito da China acentuará a fragilidade do governo de Nicolás Maduro. Num instante em que os Estados Unidos fecham o cerco, impondo novas sanções à Venezuela, Maduro contava com a mão estendida da Rússia e, sobretudo, da China. Sem a verba chinesa, seu governo perde o principal balão de oxigênio. Pragmática, a China não parece disposta a fazer caridade ideológica.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

China interrompe fluxo de crédito para Venezuela - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


Josias de Souza