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Ciro começa a se enforcar com a própria língua

Josias de Souza

25/07/2018 23h28

A sucessão de 2018 está diante de uma versão eleitoral da Lei de Murphy, aquela segundo a qual "quando uma coisa pode dar errado, ela dá errado." Até bem pouco, Ciro Gomes parecia ser o único candidato em condições de ampliar sua base eleitoral. De repente, a coisa desandou. Nada a ver com a perda do apoio do centrão para Geraldo Alckmin. O grande problema de Ciro é, novamente, a língua de Ciro.

Autoritário ou enérgico? Arrogante ou determinado? Imprudente ou corajoso? O estilo de liderança a que se propõe Ciro Gomes constitui um enigma. Seus rivais apregoam que as primeiras alternativas são as verdadeiras. Ciro seria truculento e aventureiro. Ciro tenta demonstrar que as segundas opções é que são corretas. Seria brioso e arrojado. Mas não insensato.

O problema é que a língua de Ciro se expressa como se desejasse amarrar um nó no pescoço do dono. Em sua penúltima temeridade, a língua do candidato e disse que Lula "só teria chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder", pois vamos devolver juízes e Ministério Público "para a caixinha."

A coisa foi filmada. Mas Ciro atribuiu a má repercussão à imprensa, que teria retirado as frases do seu contexto. O candidato ainda não percebeu. Mas repete agora o mesmo erro de sucessões anteriores. O erro da autocombustão.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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