Supremo dá a Bolsonaro imunidade para ofender
Josias de Souza
11/09/2018 19h33
O indeferimento da denúncia vale por um atestado de idoneidade moral. Doravante, quando alguém tentar grudar em Bolsonaro a pecha de preconceituoso, o capitão invocará em seu benefício a imunidade do Supremo.
Há mais: com base nas mesmas declarações, a Justiça do Rio de Janeiro condenou Bolsonaro a pagar indenização de R$ 50 mil por danos morais coletivos a comunidades quilombolas. A decisão do Supremo servirá de matéria-prima para que Bolsonaro recorra.
Há pior: Bolsonaro já responde a ação penal na Suprema Corte por ter afirmado que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque a colega é "muito feia." Invocou em sua defesa o escudo da imunidade parlamentar. Já pode requerer ao Supremo que, por coerência, envie a ação para o arquivo. Instituiu-se uma espécie de vale-tudo compartamental.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.