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Brasil elegerá no 2º turno a melhor encenação

Josias de Souza

11/10/2018 20h16

O segundo turno da disputa presidencial tornou-se um triste espetáculo. Nele, Fernando Haddad executa um striptease. E Jair Bolsonaro brinca de esconde-esconde. Haddad se despe de tudo o que possa lembrar o PT. Já não usa a máscara de Lula. Livrou-se do vermelho nas peças de campanha. Não bate mais ponto na cadeia de Curitiba. Parou de dizer nas entrevistas "boa noite, presidente Lula". Baniu Dilma da memória.

Bolsonaro sacode um atestado médico e foge dos debates. Já cancelou quatro. Com larga vantagem sobre o rival, o capitão se esconde na trincheira das redes sociais, oferecendo-se ao eleitor em fragmentos. Quem gosta de armas, encontrará um Bolsonaro de sua preferência numa frase do WhatsApp. Quem acha que bandido bom é bandido morto assistirá um Bolsonaro ao seu feitio num vídeo do YouTube. Quem não suporta corrupção, ouvirá um Bolsonaro do seu agrado num áudio do Twitter.

Às voltas com a necessidade de compor uma "frente democrática", Haddad faz de tudo para convencer a pessoas de que é maior do que o PT. Mas tudo parece não querer nada com Haddad. Quanto a Bolsonaro, quando tudo o que você vê do personagem nas redes sociais é subtraído de tudo o que você ignora, o que sobra é nada. Mantido o ritmo, o eleitor brasileiro elegerá neste segundo turno não o melhor presidente, mas a melhor encenação.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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