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Defensoria recorre à Justiça por ‘Mais Médicos’

Josias de Souza

16/11/2018 22h10

A Defensoria Pública da União (DPU) recorreu à Justiça Federal para tentar manter o Mais Médicos. Ajuizou uma ação civil pública. Nela, pede a manutenção das atuais regras do programa. A ação inclui um pedido de liminar. Alega-se que é preciso evitar que "a população atendida seja prejudicada com a saída abrupta de milhares de médicos sem que a União previamente promova medidas efetivas de modo a repor imediatamente o quantitativo de médicos que estão em vias de deixar o programa."

A iniciativa surgiu dois dias depois de o governo de Cuba ter anunciado o rompimento unilateral do acordo que assegurava a presença de 8.332 médicos cubanos no Brasil. Foi uma reação de Havana às declarações hostis que Jair Bolsonaro vinha fazendo desde a campanha eleitoral. A defensoria sustenta que qualquer mudança no programa Mais Médicos, "em especial relacionada à não necessidade de submissão ao Revalida, deve estar condicionada à realização de prévio estudo de impacto…"

O Revalida é um teste que os médicos estrangeiros ou brasileiros formados no exterior precisam fazer antes de trabalhar no Brasil. Serve para medir os conhecimentos do profissional, pré-condição para que o diploma seja validado. Bolsonaro declarou que, para permanecer no Brasil, os médicos cubanos teriam, entre outras exigências, de se submeter ao revalida. Algo que o Mais Médicos não exige.

Assinam a ação o defensor regional de Direitos Humanos da DPU no Distrito Federal, Alexandre Mendes Lima de Oliveira, e outros dois defensores públicos: Alexandre Benevides Cabral e Amadeu Alves de Carvalho Júnior. Eles argumentam que o Supremo Tribunal Federal já declarou a constitucionalidade do Mais Médicos.

Por isso, argumentam que "causa espécie a temerária e irresponsável interrupção abrupta" do programa, "sem que fossem previamente estabelecidas medidas para a reposição imediata dos médicos que não mais continuarão" no país.

Os defensores sustentam, de resto, que a saída dos médicos cubanos deixará sem assistência 29 milhões de brasileiros. Enxergam "um cenário desastroso", já que, "dos 5.570 municípios do país, 3.228 (79,5%) só têm médico pelo programa e 90% dos atendimentos da população indígena são feitos por profissionais de Cuba."

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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