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Morto, sistema político mantém código de barras

Josias de Souza

11/12/2018 21h38

O brasileiro que gosta de se manter informado encontrou três personagens ilustres pendurados de ponta-cabeça nas manchetes das últimas horas: Aécio Nerves, ex-presidenciável; Lula, ex-presidente; e Jair Bolsonaro, futuro presidente. Os casos em que os três estão enredados são diferentes. Mas as histórias têm um elemento em comum: o código de barras.

Junto com outros parlamentares, amigos e familiares, Aécio teve suas residências vasculhadas em batidas da Polícia Federal. Coisa autorizada pelo Supremo. Investiga-se o recebimento de R$ 110 milhões em propinas da J&F. Lula, preso em Curitiba, foi alvejado pela Procuradoria. Em alegações finais anexadas ao processo sobre o sítio de Atibaia, a força-tarefa da Lava Jato pede nova condenação por corrupção. Acusa-o de receber R$ 155 milhões em vantagens ilegais. A sentença pode sair no primeiro trimestre do ano que vem.

Bolsonaro meteu-se num bololô 100% feito de ingredientes tóxicos: 1) a movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta de um ex-motorista do primeiro-filho Flávio Bolsonaro; 2) um repasse esquisito de R$ 24 mil para a conta da futura primeira-dama Michelle Bolsonaro; 3) explicações duras de roer de um marido-presidente que acaba de ser eleito por 57 milhões de brasileiros para colocar o país em pratos limpos.

Esse comportamento de risco e a tendência à autodesmoralização produziram uma má notícia e outra péssima. A má notícia é que o sistema político brasileiro cometeu suicídio. O eleitorado depositou sobre as urnas de outubro a última pá de cal. A péssima notícia é que tudo indica que o modelo político do Brasil, morto e enterrado, não foi para o céu. Nas profundezas, a democracia brasileira continua ostentando o velho código de barras.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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