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Desempenho do STF na Lava Jato é vergonhoso

Josias de Souza

15/12/2018 00h43

O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, divulgou nesta semana um balanço sobre o andamento da operação no Supremo Tribunal Federal. Fez isso a pretexto de demonstrar que a coisa caminha bem. O esforço saiu pela culatra. A comparação com os resultados de Curitiba é constrangedora. Na primeira instância, os encrencados sem mandato são sentenciados em escala industrial. Na Suprema Corte, a coisa corre no ritmo da impunidade.

Em quatro anos e nove meses, Curitiba produziu 226 condenações contra 146 pessoas. Algumas foram condenadas mais de uma vez. Juntas, as sentenças somam 2.120 anos, 5 meses e 20 dias. No Supremo, houve uma mísera condenação. Um deputado federal foi sentenciado a 13 anos, nove meses e dez dias de cadeia.

No Paraná, estão em cana ou já passaram pela cadeia estrelas da oligarguia político-empresarial. Gente como Lula, Eduardo Cunha, Léo 'OAS' Pinheiro e Marcelo Odebrecht. O único condenado no Supremo, o deputado paranaense Nelson Meurer, do baixo clero do Partido Progressista, está solto.

A comparação entre a primeira e a última instância do Judiciário não é perfeira. Juízes de primeiro grau julgam sozinhos —monocraticamente, como se diz. E os ministros da Corte Suprema tomam decisões colegiadas. O processo decisório é mais complexo. Ainda assim, é impossível ignorar os dados.

A coisa fica mais espantosa quando se considera que, além de não produzir condenações, o Supremo manda soltar condenados em segunda instância, como fez com José Dirceu, que coleciona 41 anos de cadeia. Que Ricardo Lewandovski não nos ouça —ele pode chamar a Polícia Federal—, mas a cadência que o Supremo imprime à Lava Jato é uma vergonha.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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