PSDB reage à prisão de Richa no idioma do muro
Josias de Souza
25/01/2019 15h51
Engolfado por inquéritos em que é investigado por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-governador paranaense Beto Richa foi passado na tranca pela segunda vez. Seu partido, o PSDB, divulgou uma nota. Foi escrita não em português, mas em 'murês', o idioma do muro.
Diz o texto: "O PSDB tomou conhecimento dos fatos pela imprensa e, por isso, prefere aguardar os desdobramentos, mas reitera seu apoio e confiança na Justiça brasileira, na expectativa de que o ex-governador Beto Richa consiga provar sua inocência." Traduzindo: os tucanos torcem pelo Judiciário no pressuposto de que Richa conseguirá escapulir. Mal comparando, é como torcer pelo Flamengo no meio da torcida do Vasco.
A plateia olha de longe, faz cara de nojo e pergunta aos seus botões: o que o PSDB ainda tem a oferecer ao país? O que foi mesmo que Geraldo Alckmin propôs na eleição presidencial de 2018?
Em meio às interrogações, flutua uma convicção: seja qual for o desfecho do drama criminal de Richa, o PSDB não esboçará nenhuma reação. Enferrujado, o partido habitou-se à inação e à pasmaceira.
O PSDB teve a oportunidade de reagir quando a ferrugem consumiu a biografia do filiado Eduardo Azeredo. Nada. A oxidação avançou sobre as reputações de José Serra e Aécio Neves. Nem sinal de reação. Até a reputação de Geraldo Alckmin foi intoxicada. E nada.
De omissão em omissão, o PSDB transforma o drama penal dos seus filiados num processo de aniquilação partidária.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.