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Jungmann: ‘Faltam coisas óbvias’ no caso Marielle

Josias de Souza

12/03/2019 19h10

O ex-ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) classificou de "avanço" a prisão de dois suspeitos de participação nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes. Mas ponderou: "O que foi apresentado é suficiente para a prisão, não para a condenação. Faltam coisas óbvias: a arma do crime, o veículo, testemunhas."

Para Jungmann, não ficou suficientemente demonstrado também que o assassinato de Marielle tenha sido motivado por uma suposta aversão dos assassinos à pauta política da vereadora. "Falta uma comprovação de que eles agiram de moto próprio", disse ele ao blog. "Isso precisa ser demonstrado. Se as provas vierem, ótimo. É algo essencial."

Perguntou-se a Jungmann se ele sente alguma frustração por não ter assistido à elucidação do caso Marielle durante sua gestão na pasta da Segurança Pública. E ele: "Tenho uma frustração, mas não me sinto responsável. Por duas vezes, tentamos federalizar essa investigação. Nas duas vezes, fomos impedidos."

Jungmann recordou: "No início, promotores do Rio de Janeiro sustentaram junto ao Conselho Nacional do Ministério Público que a federalização do caso feria a autonomia do Ministério Público Estadual. A procuradora-geral Raquel Dodge não pôde pedir a ação da Polícia Federal."

O ex-ministro prosseguiu: "Quando a morte de Marielle completou seis meses, fui ao Rio de Janeiro. Pela segunda vez, coloquei publicamente a Polícia Federal à disposição para investigar o caso. Tínhamos uma equipe preparada para isso. Novamente, foi recusado. Como disse, não me sinto responsável."

A Polícia Federal acabou entrando no caso por uma porta lateral. Não apura diretamente os dois assassinatos. Investiga a investigação, que acabou se tornando, ela própria, suspeita. Sem entrar no mérito dessa apuração, aberta na sua gestão por requisição da procuradora-geral Raquel Dodge, Jungmann disse apostar suas fichas no trabalho da PF.

"É na Polícia Federal que eu deposito as maiores esperanças. Ela investigaa investigação. Confio que será possível saber se algum complô se formou no Rio para evitar que se chegue a executores e mandantes. Espero que se esclareça também de que maneira o crime organizado conseguiu capturar, em larga medida, órgãos de Estado, poderes estaduais, instituições do Rio. Precisamos chegar ao coração das trevas, desmontando essa aliança satânica."

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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