Onyx: Bolsonaro é Felipão! Só se for o do 7 a 1
Josias de Souza
11/04/2019 21h33
A solenidade em que Jair Bolsonaro celebrou seus 100 primeiros dias de governo marcou formalmente o fim da lua de mel. É assim que os políticos chamam essa fase inaugural dos governos. No caso de Bolsonaro, a lua de mel foi regida pela Lei de Murphy. Tudo o que podia dar errado deu errado. Mas o que interessa agora é olhar para a frente.
O governo fez um balanço das 35 metas que havia estipulado. Cumpriu algo como dois terços. E baixou 18 atos. Prevêem desde a regulamentação do ensino em casa até a autonomia do Banco Central. Na providência mais festejada, Bolsonaro deu 13º para o Bolsa Família. Noutros tempos, ele via a clientela do programa como "voto de cabresto" do PT. Agora, tenta segurar a coleira.
Tudo isso faz muita espuma. Mas Bolsonaro não conseguirá surfar a sua onda a menos que consiga entregar o que ele próprio elegeu como essencial: o pacote anticrime de Sergio Moro e, sobretudo, a reforma da Previdência de Paulo Guedes, sem a qual as contas públicas não entrarão nos eixos. Contas desajustadas mantêm a economia no freezer. O resfriamento do PIB eterniza o desemprego. E ainda não foi inventada a popularidade sem prosperidade.
Bolsonaro e seus operadores imaginavam que aproveitariam o calor das urnas para aprovar suas prioridades no Congresso rapidamente. O excesso de erros desvirtuou os planos.
Onyx Lorenzoni, o chefe da Casa Civil, disse que os erros foram pontuais. E comparou Bolsonaro ao Felipão de 2018, que levou o Palmeiras do limbo ao posto de campeão brasileiro. Mas esse Bolsonaro dos 100 dias está mais próximo daquele Felipão do 7 a 1. Seu governo é igualzinho a um time de futebol. Mas joga com bola quadrada, dá caneladas em si mesmo e segue as ordens de Olavo de Carvalho, um cartola que escala e arranca do time quem ele bem entende.
Um time assim só ganha no dia em gol contra puder ser contado a favor
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.