Incomodado com a nova derrota sofrida pelo governo no Congresso, o vereador carioca Carlos Bolsonaro foi às redes sociais. Convocou a "população" para uma "batalha". O filho Zero Dois de Jair Bolsonaro reproduziu a lista de parlamentares que votaram a favor do retorno do Coaf ao organograma da área econômica, longe do ministro Sergio Moro (Justiça). E exortou: "A batalha ainda não está perdida! Há outras votações! Depende da pressão da população!"

O infortúnio que abespinhou Carlucho, como o filho do presidente é chamado na intimidade, ocorreu na comissão especial incumbida de analisar a medida provisória que reorganizou os ministérios na gestão Bolsonaro. As "outras votações" ocorrerão oportunamente nos plenários da Câmara e do Senado. O filho de Bolsonaro parece apostar que uma rebelião nascida na internet pode ser mais eficaz do que a saliva de Sergio Moro para dissolver as resistências do centrão.

Entre os deputados que votaram a favor da devolução do Coaf à pasta da Economia estava Elmar Nascimento (BA). Vem a ser o líder do DEM na Câmara. Mais cedo, como que antevendo os previsíveis movimentos do Zero Dois, Elmar afirmara o seguinte: "A mim, o ministro Sergio Moro não convenceu. A gente fica com medo dessa milícia virtual, que quer ditar como o Parlamento deve funcionar e fica com medo de fazer a coisa certa."

As redes sociais, habitat natural de Carlucho, revelaram-se valiosas para eleger Bolsonaro. Mas são menos úteis na hora de governar. Os partidos do centrão equiparam-se para demonstrar que a democracia direta da internet não produz estabilidade no Legislativo. Por ora, a República do Twitter só existe nos sonhos da família Bolsonaro. Para obter votos no Congresso, o centrão exige que Bolsonaro desça de sua bolha virtual para o balcão.