Quem não tem Moro caça com Augusto Heleno
Josias de Souza
10/08/2019 04h34
Integrantes da lista tríplice de candidatos oficiais da corporação à vaga de procurador-geral da República, Mario Bonsaglia (478 votos), Luiza Frischeisen (423) e Blau Dalloul (422) parecem perdidos como cegos em tiroteio. Ignorados por Jair Bolsonaro, já não sabem a quem recorrer para obter um dedo de prosa com o presidente da República.
Esperava-se que o ministro Sergio Moro (Justiça) fizesse a intermediação. Mas o ex-juiz da Lava Jato, desligado da tomada pelo chefe, está às voltas com outra prioridade: passar a impressão de que ainda governa a sua pasta. Os pregoeiros da lista tríplice enxergaram no gabinete do general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI, um atalho para chegar à maçaneta do gabinete presidencial.
Coube a Fábio George Cruz da Nóbrega, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), visitar Heleno. A julgar pelos relatos que ele fez aos candidatos e a outros colegas, a conversa não foi um exercício de perda de tempo. Ao contrário, fluiu bem. O sonho de convencer Bolsonaro a indicar um nome avalizado pela corporação dos procuradores ainda não se realizou. Mas a turma da lista tríplice espera pelo menos evitar a realização do pesadelo de não conseguir obter nem uma audiência com capitão.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.