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O que está em jogo nos vetos à lei de abusos?

Josias de Souza

03/09/2019 19h27

O projeto de lei sobre abuso de autoridade transformou-se num tema fronteiriço para Jair Bolsonaro. De um lado da fronteira, a favor da sanção integral, está o pedaço bandalho da política, ansioso por enquadrar magistrados, membros do Ministério Público e investigadores. Do outro lado da fronteira, a favor do veto de 100% da nova lei, está o pedaço das ruas que ainda apoia a Lava Jato e o esforço anticorrupção.

Bolsonaro equilibrava-se entre esses dois extremos. Quando começou a contar o prazo de 15 dias para a decisão sobre os vetos, o presidente estava mais próximo da banda devassa do Legislativo.

Desde então, ouviu um ronco do asfalto, sofreu um bombardeio dos seus devotos nas redes sociais e amargou pesquisas que revelam o aumento de sua taxa de impopularidade. Agora, a quantidade e a qualidade dos vetos de Bolsonaro revelarão de que lado da fronteira ele deseja ser visto. De repente, passou a falar em quase 20 vetos.

O resumo dessa ópera é o seguinte: Existem três tipos de políticos: os homens de bem, os que se dão bem e os que são flagrados com os bens. Bolsonaro foi eleito vendendo-se ao eleitorado como homem de bem. Se não vetasse nada, poderia se dar bem com o centrão e assemelhados. Mas a pressão é tão intensa que se sente compelido a vetar mais do que gostaria a despeito de ter um filho, Flávio Bolsonaro, com os bens sob investigação.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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