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Crivella confunde a prefeitura do Rio com púlpito

Josias de Souza

06/09/2019 19h37

Escandalizado com um beijo gay, o prefeito carioca Marcelo Crivella mandou apreender a história em quadrinhos "Vingadores – A Cruzada das Crianças", na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. A decisão foi um erro, uma ilegalidade e uma burrice.

A ordem de Crivella foi errada porque o prefeito não é juiz.

A determinação foi ilegal porque: 1) A união homoafetiva é formalmente aceita no país desde 2011; 2) A homofobia foi equiparada ao crime de racismo neste ano de 2019; 3) A censura é uma prática anticonstitucional.

A resolução do prefeito foi burra porque catapultou as vendas da publicação que ele desejava banir da Bienal. Em visita à feira de livros, os fiscais da prefeitura frustraram-se. Encontraram apenas, veja você, livros!

Crivella confunde a prefeitura com um púlpito. A confusão vem desde a posse, quando passou a discriminar o Carnaval.

Foi por livre e espontânea vontade que o pastor licenciado da igreja Universal concorreu ao carnavalesco ofício de prefeito do Éden mundial da fantasia. Eleito, passou a fugir do sacerdócio dos foliões. Agora, discrimina quem tem direito ao respeito do "poder" público.

Se Deus tiver que aparecer para Crivella nesta sexta-feira, não se atreverá a surgir em outra forma que não seja a de uma Constituição Federal.

 

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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