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Josias de Souza

Oposição tentará convocar o ministro da Justiça

Josias de Souza

17/02/2015 02h19

O ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça) virou alvo da oposição. Foi à alça de mira do PSDB, do DEM e do PPS depois da descoberta de que se reuniu com advogados de empreiteiros presos na Operação Lava Jato, mantendo com eles conversas amistosas. Os adversários do governo tentarão convocar o auxiliar de Dilma Rousseff para prestar esclarecimentos no Congresso. E acionarão contra ele a Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

Ecoando o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, que pregou a demissão de Cardozo, o senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB, disse que o gesto do ministro da Justiça foi "absolutamente incompatível com o exercício do cargo." Para ele, há um "conflito de interesses." E Dilma Rousseff "precisa dizer para quem governa: se é para o PT e seu projeto de poder ou se para o país."

O deputado Mendonça Filho, líder do DEM, manifestou-se no mesmo timbre: "Não cabe ao ministro trocar figurinhas com advogados de empresas investigadas pela Polícia Federal." Acha que o comportamento de Cardozo segue o padrão petista. "A corrente majoritária do PT já atua há algum tempo para embolar o processo da Lava-Jato e isentar petistas e aliados."

Cássio e Mendonça disseram que protocolarão nas comissões temáticas do Senado e da Câmara requerimentos de convocação do ministro, para que ele se explique. Em início de legislatura, essas comissões ainda não foram constituídas. Quer dizer: a apreciação dos pedidos da oposição não será automática.

O deputado Rubens Bueno, líder do PPS, anunciou que tomará uma providência adicional. Acionará a Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Deseja que o órgão cobre explicações de Cardozo e se posicione sobre o episódio. Mais severo do que Joaquim Barbosa, Bueno afirmou que o ministro da Justiça deveria pedir para sair, "já que Dilma não demite ninguém."

"Imagine a gravidade dessa situação: o ministro da Justiça envolvido com advogados de empresas questionadas e investigadas pela Polícia Federal", lamentou Bueno. "A que ponto chegamos, é desmoralizante para o país. Essa relação de promiscuidade do PT não tem limite para nada."

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.