Futuro prometido por Haddad esbarrou no caixa
Noviço em política, o prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, acaba de receber uma lição da realidade. Descobriu que o marketing político é o caminho mais longo entre a promessa de campanha e sua realização. A conjuntura ensinou ao pupilo de Lula que toda fantasia tem que ser baseada num orçamento.
O videoclipe acima, peça de resistência da marquetagem municipal de 2012, exibe uma São Paulo idílica. Envolto num cenário de ficção científica, o então candidato explica ao distinto público como seria o 'Arco do Futuro'. No gogó, as oportunidades de emprego viajariam para os fundões de São Paulo.
Para estimular a migração das empresas para as áreas onde há gente demais e empregos de menos, a prefeitura do PT providenciaria, além de incentivos fiscais, muita infraestrutura. Para começar, Haddad arrancaria do papel um pacote avenidas. Decorridos sete meses e meio de sua posse, o futuro esbarrou no caixa.
Nesta sexta (16), em audiência pública na Câmara Municipal paulistana, a secretária de Planejamento e Gestão de Haddad, Leda Paulani, informou que a prefeitura desistiu de tocar as obras que dariam suporte viário ao 'Arco do Futuro'. Foram para o beleléu inclusive as vias que desafogariam a marginal Tietê, miolo do plano.
A secretária Leda informa que não há dinheiro. Substitui as obras por mais garganta: "O projeto não se reduz às obras do apoio viário. Isto é apenas um dos elementos. O projeto continua existindo. O principal do Arco do Futuro é levar emprego onde tem moradia e moradia onde tem emprego, isso será feito." Hã, hã…
Em meio ao cheiro de queimado, uma boa notícia e uma má notícia. Primeiro, a boa: entre janeiro e agosto, não houve na cidade de São Paulo nenhum aumento da taxa de empulhação pública. Continua nos mesmos 100%. A má notícia é a perspectiva de perda de um espetáculo inusitado.
Candidata derrotada do PPS à prefeitura paulistana, Soninha Francine prometera em outubro de 2012: "Se 10% das obras do 'Arco do Futuro' tiverem começado daqui a 4 anos, eu faço uma tatuagem do Lula com o boné do Corinthians." A plateia será privada desse entretenimento.
– Atualização feita às 19h27 desta sexta (16): A propósito do texto acima, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo enviou mensagem eletrônica ao UOL. No texto, informa que os investimentos viários continuam no Plano de Metas. Apenas mudaram de escaninho. Migraram do 'Arco do Futuro' para o 'Arco do Tietê'. Hummm!!!
Por quê? "A Secretaria de Planejamento decidiu adotar tal posicionamento uma vez que o PAC não financia obras viárias urbanas". Quer dizer: o prefeito do PT vendeu um plano que seria custeado com verbas federais, e não teve o cuidado de perguntar à Presidente da República do PT se o empreendimento cabia nas arcas do PAC. Curioso, muito curioso, curiosíssimo.
A assessorial da prefeitura também informa que o plano original "não previa a execução ou a entrega da obra". Como assim? O que estava previsto era "projetar, licitar e garantir a fonte de financiamento para as obras do apoio viário norte e sul da Marginal do Rio Tietê". O repórter, por limitado, não conseguiu entender. Nunca imaginou que Haddad fosse sujar as mãos de cimento. Surpreende-se agora ao saber que, com a informação de que, depois de projetar, licitar e providenciar o financiamento, o prefeito não entregará a obra. Supremo altruísmo! Político que não corta a fita é coisa nunca antes vista na história desse país.
Mas, afinal, de onde virá o dinheiro? Diz a assessoria que a nova meta prevê que a prefeitura irá "aprovar a Operação Urbana Mooca/Vila Carioca, a revisão da Operação Urbana Água Branca e promover o projeto de intervenção urbana Arco Tietê". Sim, e daí? "É por meio destas operações urbanas que a prefeitura planeja obter recursos para licenciar e licitar as obras de apoio viário do Arco do Futuro." Ah, bom! Agora está tudo muito claro. Mais claro do que água de bica.
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