Governo decide ‘não cutucar rua com vara curta’
Nas palavras de um ministro que integra o grupo de coordenação da gestão Dilma Rousseff, o governo decidiu "não cutucar a rua com vara curta." Embora os protestos deste domingo tenham sido numericamente inferiores aos de 15 de março, o Planalto não vai soltar fogos em público. Ao contrário. Nos próximos dias, por orientação da presidente, as autoridades que falam em nome do governo utilizarão um timbre "respeitoso e humilde".
Dilma acompanha as manifestações desde o Palácio da Alvorada. Ela chegou no meio da madrugada do Panamá, onde participara da Cúpula das Américas. Conversou com pelo menos dois ministros: Aloizio Mercadante (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça). O governo baseia suas análises em duas variáveis.
Numa, Dilma e seus conselheiros celebram privadamente o fato de menos gente ter descido ao meio-fio. Noutra, eles reconhecem que isso não aconteceu por falta de material. "O Datafolha indica que temos muito o que trabalhar para reduzir o grau de insatisfação com o nosso governo", disse o ministro que conversou com o blog. "Isso envolve um grande esforço. Mas os resultados vão aparecer."
Divulgada neste sábado, a mais recente pesquisa Datafolha revelou que a impopularidade de Dilma manteve-se elevada. Apenas 13% dos brasileiros aprovam a atuação da presidente, mesmo percentual registrado no mês passado. A taxa de reprovação caiu de 62% para 60% —uma variação dentro da margem de erro da pesquisa.
De resto, outros dois dados impressionaram os operadores do governo: 75% dos entrevistados apoiam os protestos anti-Dilma. E 63% manifestam-se a favor do impeachment. "É verdade que 64% dizem não acreditar no despropósito do impeachment, mas nós não podemos dar as costas para essas informações", disse o auxiliar da presidente. "Seria um erro. Do mesmo modo, nossos adversários errarão se imaginarem que a situação os favorece. Esse quadro não é bom para ninguém."
Não há, por ora, previsão de convocação de uma entrevista coletiva como aquela que ocorreu nas pegadas das manifestações de 15 de março. Falaram naquela oportunidade os ministros José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência). Sobreveio um panelaço que constrangeu o governo. Numa tentativa de diminuir a importância dos protestos, Rossetto dissera que tinham saído às ruas basicamente os brasileiros que não votaram em Dilma na disputa presidencial de 2014. É esse tipo de raciocínio que o Planalto deseja agora evitar.
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