Manifestação contra PEC de gastos vira vandalismo e destruição na Esplanada
Mobilizados pela CUT e outras 17 organizações simpáticas ao PT, a Lula e a Dilma Rousseff, cerca de 10 mil manifestantes reuniram-se defronte do Congresso para protestar contra a emenda constitucional que ficou conhecida como PEC do teto dos gastos públicos. Reprimido pela PM de Brasília e pela Polícia Legislativa, o ato a favor da liberalidade orçamentária deixou um rastro de vandalismo e destruição que contribuirá para o déficit público.
Depredaram-se vidraças e lâmpadas de ministérios. Na pasta da Educação, danificaram-se também móveis, espelhos e caixas eletrônicos. Destruíram-se banheiros químicos usados por trabalhadores e turistas que frequentam a Esplanada. Picharam-se prédios públicos. Não foram poupados da pichação nem a Catedral de Brasília nem o Museu da República. Um veículo da TV Record foi virado de ponta-cabeça. Incendiaram-se pelo menos dois carros particulares.
Alguns dos autores do quebra-quebra traziam os rostos recobertos. Não há, por ora, clareza quanto às causas da conversão de uma manifestação pseudodemocrática em atos criminosos. Parlamentares petistas e seus aliados da oposição acusam a polícia de truculência. A Polícia Militar de Brasília informa que apenas reagiu contra vândalos que estavam equipados inclusive com coquetéis molotov.
Em texto veiculado no site da CUT de Brasília na véspera do protesto, o secretário-geral da entidade, Rodrigo Rodrigues, declarou: "Sabemos que Temer tem a maioria na Câmara e no Senado. Mas não podemos apenas aceitar isso. Nosso papel é ir às ruas e repudiar mais esse golpe em cima da sociedade. Por isso, a CUT trará trabalhadores de todo o Brasil para avermelhar as ruas de Brasília em defesa de um país mais justo e igualitário. Não ao retrocesso."
No mesmo texto, a CUT reproduziu manifestação feita pela União Nacional dos Estudantes nas redes sociais: "Dia 29 de novembro é dia de ocupar as ruas de Brasília e lutar contra a PEC 55 (teto dos gastos), contra a MP 746 (reforma do Ensino Médio) e o projeto de lei da Mordaça (Escola Sem Partido). Seremos milhares por nenhum direito a menos." A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas ecoou: "Estamos preparando uma das maiores manifestações da história do movimento estudantil."
Admita-se que havia trabalhadores e estudantes no protesto de Brasília. Admita-se que estivessem interessados em manifestar democraticamente sua contrariedade. Mas o que se viu na Esplanada dos Ministérios nada tem a ver com uma manifestação democrática.
Na onda de manifestações deflagrada na histórica jornada de junho de 2013, vândalos como os que agiram na Capital eram chamados pelo apelido chique de black blocs. A destruição passou a ser justificada como "protesto consciente de inspiração anarquista". Fantasiados de inimigos do capitalismo, estudantes bem-nascidos tornaram-se um estorvo para a pessoas simples das cidades brasileiras.
Num instante em que o governo de Michel Temer oferece matéria-prima para que as ruas voltem a ferver, convém definir bem as coisas. O que desceu a Esplanada nesta terça-feira foi um grupo corpulento de bandoleiros. Esse grupo era minoritário. Mas a minoria deu à maioria uma péssima reputação. Chamar os integrantes desse grupo de vândalos é pouco. São bandidos.
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