Lama desafia a retórica ambiental de Bolsonaro
A ocorrência de duas grandes tragédias provocadas por rompimentos de barragens com lama tóxica no intervalo de pouco mais de três anos revela que, no Brasil, é errando que se aprende… A errar. O país parece vocacionado para os grandes erros. A alma amazônica dos brasileiros não se satisfaz com pequenas falcatruas e desastres insignificantes. Nosso mar de lama é sempre maior que o dos outros. O rombo é de bilhões de reais. O rejeito tóxico de minérios é de milhões de metros cúbicos.
No final de 2015, rompeu-se a barragem da Samarco na cidade mineira de Mariana. Até hoje as vítimas clamam por indenizações e por punição dos responsáveis. Ninguém foi preso. Um executivo responsabilizado criminalmente pelas 19 mortes daquela tragédia foi retirado do banco dos réus no ano passado por decisão do TRF da 1ª Região, sediado em Brasília.
Rompeu-se agora uma barragem na cidade de Brumadinho, de novo em Minas Gerais. É da empresa Vale, acionista da Samarco. A quantidade de lama é menor. Mas o número de vítimas pode ser muito maior. Começou tudo de novo: a contagem dos mortos, o desespero dos vivos, a escrituração dos prejuízos, a impunidade dos responsáveis, a vergonha planetária.
O drama se repete num instante em que o governo de Jair Bolsonaro se prepara para flexibilizar o processo de concessão de licenças ambientais no país. Nas palavras do ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, o governo precisa oferecer às empresas "celeridade, agilidade, estabilidade e segurança jurírica" na concessão de licenças ambientais. Bolsonaro declara que seu governo será exemplar nessa área. Tomado pelas declarações, o governo ainda não produziu bons exemplos. Mas suas intenções constituem ótimos avisos.
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