STF mantém sangria ética da gestão Bolsonaro
Como previsto, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, indeferiu o pedido do senador Flávio Bolsonaro para que a investigação judicial sobre o caso Coaf fosse transferida para Brasília. A decisão produz duas consequências. Uma jurídica: o Ministério Público do Rio de Janeiro fica autorizado a dar sequência ao processo sobre a movimentação bancária suspeita do novo senador e do ex-assessor Fabrício Queiroz. Outra política: Flávio Bolsonaro fica desautorizado a manter a pose de "vítima de perseguição".
Em seu recurso ao Supremo, Flávio fizera dois pedidos: foro privilegiado e anulação das provas. O primeiro foi indeferido por Marco Aurélio: "Neste processo, a leitura da inicial revela que o reclamante desempenhava, à época dos fatos narrados, o cargo de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, tendo sido diplomado senador da República no último dia 18 de dezembro. A situação jurídica não se enquadra na Constituição Federal em termos de competência do Supremo." Quanto ao aniquilamento das provas, o ministro arquivou a demanda sem sequer analisar o mérito.
Nunca é demasiado recordar que entre as esquisitices colecionadas pelos promotores do Rio de Janeiro há a transferência de R$ 24 mil do "amigo" Queiroz para a conta bancária da primeira-drama Michelle Bolsonaro. O marido Jair Bolsonaro alegou tratar-se de parte do pagamento de um empréstimo de R$ 40 mil que fez ao ex-assessor do filho, um correntista milionário.
O credor dispensou o devedor da assinatura de contrato ou promissória. E exonerou-se da obrigação de prestar contas à Receita Federal. Por enquanto, Jair Bolsonaro não explicou como repassou os R$ 40 mil ao "amigo". Tampouco informou se já regularizou sua situação junto ao fisco. Sabe-se apenas que a primeira-dama encontra-se na alça de mira de auditores fiscais.
Nesse contexto, o discurso que fazia de Jair Bolsonaro uma espécie de paladino dos bons costumes perdeu o prazo de validade. Com sua decisão, o ministro da Suprema Corte consolidou a primeira crise ética da nova gestão. Com sua movimentação bancária sub judice e as homenagens que rendeu a milicianos, o primogênito do presidente da República chega ao Senado como um político manco. Tornou-se uma bola de ferro que seu pai terá de arrastar.
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