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Baixa popularidade testa o sangue-frio de Dilma

Josias de Souza

01/04/2015 17h01

O filme de Dilma Rousseff queimou. Sua impopularidade clamorosa, que já havia sido detectada pelo Datafolha, acaba de ser confirmada pelo Ibope. Apenas 12% aprovam o governo da presidente petista, contra 64% de reprovação. Impressionantes 74% dizem não confiar em Dilma. O desprestígio é tamanho que suscita uma dúvida: a que temperatura madame irá ferver?

Dilma sempre entrou em ebulição a baixas temperaturas. Agora, é intimada pela conjuntura a levar seu temperamento mercurial ao freezer. A combinação de quatro crises —econômica, ética, política e de credibilidade— testa a capacidade de autocontrole de Dilma. Sem sangue-frio, é grande a tentação de recuar no inevitável ajuste nas contas públicas.

Ciente de sua nova situação, Dilma se esforça para administrar as bolhinhas que surgem de vez em quando na sua panela de pressão mental. Noutros tempos, teria explodido com o ministro Joaquim Levy (Fazenda) ao saber que ele a acusara de nem sempre agir da forma mais simples e efetiva. Hoje, engole o sapo. Sabe que a saída de Levy agravaria a crise de desconfiança, com reflexos na economia.

O Ibope recolheu a avaliação dos entrevistados sobre nove áreas de atuação do governo. Em todas elas, a taxa de desaprovação supera os 60%. A política de juros é reprovada por 89% dos entrevistados. A tributária é refugada por 90%. A estretégia do governo para combater a inflação foi gongada por 84%.

Desde que Dilma foi reeleita, o governo dela tornou-se uma usina de más notícias: ministério de quinta categoria, subida dos juros, aumento da gasolina, curto-circuito na conta de luz, aperto no seguro-desemprego, arrocho no auxílio-doença, torniquete nas pensões, economia estagnada, inflação rumo aos 8%, deterioração das estatísticas do emprego…

Deu-se o esperado. Generaliza-se entre os eleitores a sensação de que houve um estelionato eleitoral. O desprestígio de Dilma é grande também entre os seus eleitores. Segundo o Ibope, o índice de aprovação da presidente entre os brasileiros que a reelegeram despencou de 63% para 22%. Além de não dispor de boas notícias, Dilma é assediada pelo barulho que vem do asfalto.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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