Temer irá anunciar ministério logo que impeachment for admitido no Senado
Josias de Souza
22/04/2016 04h29
Às voltas com um esforço de recrutamento de ministros para um governo ainda hipotético, o vice-presidente Michel Temer estabeleceu uma meta: deseja anunciar sua equipe tão logo o plenário do Senado confirme a decisão de dar continuidade ao processo de impeachment de Dilma Rousseff. Algo que deve ocorrer entre os dias 12 e 17 de maio. A ideia de Temer é trazer todos os nomes à luz de uma vez, não em conta-gotas.
Confirmando-se a tendência do Senado de referendar a decisão da Câmara, Dilma será afastada por até seis meses, cedendo a poltrona para o vice-presidente. É nessa hora que Temer fará o anúncio de sua equipe. Será menor do que a atual. Temer cogita extinguir entre oito e dez dos atuais 32 ministérios. Fará isso por meio de fusões. Por exemplo: a pasta de Portos volta a compor o organograma do Ministério dos Transportes.
Dilma e seus auxiliares sustentam que a movimentação do inquilino do Palácio do Jaburu reforça a natureza "golpista" do impeachment. Nas palavras de Dilma, seu vice "vende terreno na Lua", já que os ministérios não estão disponíveis. Temer e seus operadores afirmam que a escolha de ministros não é uma opção, mas "uma obrigação" do substituto constitucional de uma presidente prestes a ser impedida.
Para apressar o processo, Temer delegou a correligionários de sua confiança a tarefa de sondar pessoas e partidos políticos sobre a composição ministerial. A despeito do esforço para manter os nomes em sigilo, alguns começam a ganhar o noticiário. Entre eles o de Henrique Meirelles, no topo da lista de cotados para a pasta da Fazenda.
Ex-presidente do Banco Central nos govenros de Lula, Meirelles será recebido por Temer neste sábado (23). Ele estava em Nova York. Retorna a São Paulo nesta sexta-feira. Deveria avistar-se com Temer na sequência. Mas o vice teve de retornar a Brasília.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
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