CPI: PT articula a convocação de Marconi Perillo
Josias de Souza
18/05/2012 06h08
A votação foi postergada com o propósito de restringir a convocação ao governador Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Deseja-se poupar apenas os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Sérgio Cabral (PMDB), do Rio.
O petismo ajusta sua tática em reuniões semanais. Conforme noticiado aqui, os representantes do PT na CPI tramavam adiar o debate sobre os governadores desde a semana passada. Em reunião ocorrida na terça (15), bateu-se o martelo.
Nesse encontro, foram analisados os dados que o PT já colecionou contra Perillo. Informações extraídas dos inquéritos da Polícia Federal guardados na sala-cofre da CPI. A partir desses indícios, construiu-se a pauta da reunião desta quinta (17).
A pretexto de concentrar a apuração na quadrilha de Carlinhos Cachoeira, aprovaram-se na CPI as convocações de 51 suspeitos. Uma dezena deles têm relação direta com a encrenca que engolfa Perillo.
Sem alarde, o PT incluiu na lista nomes como o de Jayme Rincon, coletor de arcas eleitorais; e Leonardo Almeida Ramos, o sobrinho de Cachoeira que assinou três cheques que pagaram uma casa vendida por Perillo –onde o contraventor foi preso.
O PT espera compor um quadro capaz de tornar a convocação de Perillo incontornável até meados do mês que vem. Simultaneamente, vai-se martelar a tese segundo a qual faltam evidências capazes de justificar a presença de Agnelo e Cabral na CPI. A estratégia é executada em parceria com o PMDB.
Deve-se o comentário à irritação de Vaccarezza com o comportamento da bancada do PMDB na CPI, avesso ao que fora combinado. Num instante em que o PT pegava em lanças para circunscrever a investigação ao Centro-Oeste, o PMDB dividia-se entre o silêncio e a defesa da convocação de Fernando 'Delta' Cavendisch Cavendish, personagem que liga Cabral ao escândalo.
Como que decidido a tranquilizar Cabral, Vaccarezza deixou claro que o PT não o abandonaria: "Mas não se preocupe. Você é nosso e nós somos teu (sic)."
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.